sábado, 13 de outubro de 2007
Vida sem fim
Hoje morreu Paulo Autran. Não tenho muito o que falar sobre ele, pois não sou fã nem conhecedor de teatro, nem tampouco da carreira dele. Porém, assistindo a alguns depoimentos de atores sobre ele uma frase de algum deles chamou-me a atenção. A pessoa em questão (não lembro o nome) dizia que agora ele precisava descansar, pois havia trabalhado muito (60 anos de carreira) e disse mais: uma vida precisa da morte para ser completa. Fiquei pensando nessa frase e ela faz um sentido enorme pra mim. Vez por outra, todo ser humano normal pensa que talvez pudesse viver para sempre. Alguns na verdade vivem suas vidas como se pudessem mesmo viver para sempre. E vez por outra, quando a morte nos encontra nas esquinas da vida, principalmente quando quem se vai é jovem, tem-se a impressão que a vida da pessoa ficou incompleta, como se a morte houvesse impedido que a pessoa completasse sua vida. A morte vem e deixa a vida incompleta - é o que nos parece. É como se sempre houvesse mais um pouco de vida para ser vivida e a morte impedisse esse mais-de-viver. Mas de repente me bate a impressão de que a vida, na verdade, se completa como a morte. É como se sem a morte a vida nunca se completasse, nunca fosse inteira. Fica a impressa de que se a vida não tivesse fim nunca poderíamos perceber o fim da vida...
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Um comentário:
Na questão do decanso para o excesso de trabalho acredito que isto está mais na cabeça (ou no corpo) do "cansado" e fica dificil emitirmos um julgamento. Quanto à questão principal do texto, também acredito nesta idéia de que a morte complemente a vida. Até mesmo para aquelas pessoas cuja vida passou "meio sem sentido", a morte pode imprimir a este viver um significado especial. Isto nos dá uma idéia da vida como um processo e não um fim.
Valeu pela idéia do blog.
Um abraço
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